domingo, 25 de setembro de 2011

Projeto social atrai jovens para aulas de futebol em Sto.André

Iniciativa promove educação e tira crianças e adolescentes das ruas do bairro de Vila Palmares.



HAMILTON TRINDADE

O bairro de Vila Palmares, em Santo André, conta com uma ação social que alia esporte e convivência entre os jovens. O projeto faz parte de uma emenda do deputado Wanderlei Siraque (PT) junto com Instituto Acqua, conta também com o apoio do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura de Santo André. "A iniciativa ajuda tirar as crianças e os adolescentes das ruas, do contato com as drogas  e das más companhias", falou Edímilson Vieira, 31, professor e coordenador do programa no Cesa ( Centro Educacional de Santo André).  
O projeto atende 70 pessoas no local entre crianças e adolescentes e é voltado para o futebol. Nas aulas os alunos aprendem os fundamentos do esporte como passes, dribles,chutes e regras. O relacionamento social também é  desenvolvido, já que não existe separação de turma por sexo. Meninos e meninas treinam juntos independente da modalidade. "É necessário ensinar respeito uns com os outros, pois algumas crianças chegam aqui com dificuldade de apredizado e outras acima do peso ideal", explica Edímilson.
Durante  as atividades serão feitas reuniões com os pais para acompanhar o desenvolvimento dos alunos. Nas aulas os acesso a todo material (uniformes e alimentção) é gratuito. As aulas acontecem quarta  e sexta em dois horários, das 9h às 11h e das 14h às 16h, e aos sábados, das 9h às 13h.

Alimentos ficam mais caros em todo o Estado

 Nos supermercados, o preço dos legumes subiu 21,52%, das verduras, 3,95% e dos tubérculos, 9,12% em março em relação ao mês anterior


Hamilton Trindade e Lukas Kenji

Ter uma alimentação saudável ficou mais caro em todo o Estado de São Paulo neste ano. Nos supermercados, o preço dos legumes subiu 21,52%, das verduras, 3,95% e dos tubérculos, 9,12% em março em relação ao mês anterior. Já nas feiras, no mesmo período, as altas foram de 13,50% no valor dos legumes, 0,26% no das frutas e 5,50% no dos tubérculos.
                                                  Alimentos ficam mais caros em todo o Estado
Os números são da pesquisa realizada pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) em conjunto com a Fipe (Federação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Para a secretária Magali Alves Feitosa, 35, o valor dos produtos já começou a pesar no bolso. “Acho um absurdo. No começo da feira, o quilo do tomate está R$ 8, depois baixa para R$ 5, mesmo assim continua caro”.

Já a artesã Mara Cristina Penha Dessié, 53, reclamou do preço da laranja. “Não dá para acreditar que a dúzia da laranja esteja R$ 6. Depois o governo fala que não existe inflação. Então como os preços aumentam tanto e não há um controle?”.

Segundo a assessora econômica da Fecomercio, Júlia Ximenes, existem muitas razões para explicar o aumento no preço dosalimentos. “O crescimento do volume exportado, o excesso de seca nos pastos por conta da estiagem que compromete a engorda dos animais, o aumento nos preços dos insumos utilizados como ração animal e a alta da renda dos consumidores que passaram a consumir mais estes bens são alguns fatores”. Júlia diz ainda que questões climáticas também influenciaram neste aumento. “O comportamento era esperado tendo em vista as fortes chuvas que ocorreram em regiões produtoras e por conta do tempo necessário para que as safras sejam recuperadas em sua totalidade”.

Alguns alimentos se destacaram entre os que tiveram maior inflação. Só em janeiro, o tomate, por exemplo, aumentou 23,58% nas feiras e pesou mais ainda nos supermercados, chegando a 35,70%. O valor da alface também subiu e ficou 14,70% mais caro nas feiras livres. Esses números são todos referentes à pesquisa, mas quem trabalha diretamente com esses alimentos, os feirantes, também destacam outros produtos.
“A cenoura teve um aumento de 50%. Essa alta pode continuar por quase dois meses, só diminuindo quando acabar o período de chuvas que afetam as lavouras”, afirmou Sandra Yumi Shimizu, 40, proprietária de uma banca de legumes há 20 anos em São Bernardo. Os produtos comercializados são adquiridos na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) e não há uma negociação. “Quando chegamos para a compra é que sabemos do aumento no valor das mercadorias e isso é repassado diretamente para o bolso do consumidor”, falou a feirante.

Há uma diferença entre os preços repassados aos supermercados com relação aos açougues e feiras livres. A explicação, segundo a assessora econômica da Fecomercio, é que algumas redes de supermercados fazem aquisições em grande escala, permitindo negociar valores mais vantajosos, ao contrário dos açougues e feiras que, por ter porte menor, adquirem menos produtos, só que por preços mais altos.

Se o valor dos alimentos necessários para se ter uma alimentação saudável aumentou, o preço das carnes bovina, suína e de aves abaixou. Nos supermercados, no início do ano, elas tiveram baixas de 1,79%, 1,98% e 1,53%, respectivamente. Para se ter uma ideia, o filé mignon pode ser encontrado nos supermercados quase 22% mais barato. Nos açougues, após seis meses seguidos de altas, houve uma queda de 0,34% nos preços em geral.

O frango, que já foi usado para substituir a carne nas refeições, pode sofrer um aumento nos próximos meses. Isso porque o Japão, maior comprador do produto, sofre com a falta de recursos após o terremoto. “A exportação pode aumentar o valor do produto no Brasil. Mas isso é só uma previsão, não existe nada certo ainda”, falou Paula Furtado, 38, comerciante de aves no Mercado Municipal do Rudge Ramos.

A substituição de alimentos por produtos mais baratos (leia quadro ao lado) e a pesquisa de preços são alternativas para driblar a alta na alimentação. “Não acredito em oferta. Verifico tudo e encontro valores 100% mais baratos de um lugar para o outro. Além disso, deixo de comprar produtos que estão muito caros, como pêssego e ameixa, por exemplo”, contou Mara.

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Como é feita uma pesquisa de preços de alimentos


No ABC, é realizada uma pesquisa semelhante ao IPV desenvolvido pela Fecomercio/Fipe. É o estudo IPC/USCS, Índice de Preço ao Consumidor, desenvolvida pelo INPES (Instituto de Pesquisa da Universidade de São Caetano do Sul). Mensalmente, os dados são recolhidos nas cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano e medem os valores não só de alimentos, mas também de outros 20 setores comerciais, como vestuário, transportes, decoração, entre outros.

Segundo Lúcio Flávio Dantas, técnico de pesquisas da USCS, o estudo começa com uma pré-pesquisa, no caso uma POF (Pesquisa de Orçamento Familiar). Nessa etapa, é feito um acompanhamento com quatro famílias da região com renda mensal de dois a 14 salários mínimos, a fim de se traçar um comportamento orçamental.

“Essa pesquisa é um esqueleto para uma análise de preços. A partir daí obtemos o peso que cada produto tem em uma família de mesma faixa salarial. Por exemplo, a gente vai observar quanto uma família tira de seu orçamento para comprar açúcar e traça um parâmetro para ver o preço de outros setores”.

Essa etapa dura 12 meses. Os técnicos vão de casa em casa para escolher a família que se adéqua ao perfil. Depois, há um sorteio de que residência será acompanhada. Explicado o projeto aos membros da família, é passada uma planilha na qual todos os gastos são anotados. Esses dados são recolhidos mensalmente pelo pessoal do INPES.
Feita a pesquisa com o consumidor, começa a análise dos estabelecimentos comerciais. “Nós fazemos a pesquisa mensalmente e levantamos em torno de 70 mil preços. Coletamos esses valores e colocamos em um programa de computador para fazermos painéis constando os números para comparações posteriores”, explicou Dantas.
Esse levantamento é feito em supermercados, padarias, casas de material de construção, postos de gasolina 
e demaisestabelecimentos que compõem os 21 setores analisados — todos localizados em São Bernardo, Santo André e São Caetano.
Ainda de acordo com Dantas, a coleta deve ser feita sempre no mesmo período de referência. “Nós vamos no supermercado X na semana 1, e retornamos ao mesmo supermercado na primeira semana do mês seguinte, ou seja, sempre no mesmo período. Comparamos os preços aferidos e temos o resultado. E isso serve para todos os produtos, todos os serviços e em todos os locais pesquisados.
No momento, o IPC/USCS foi interrompido para ser reformulado. Segundo o técnico de pesquisas da universidade, o estudo precisa se “atualizar por questões técnicas, e a pesquisa de orçamento precisa ser refeita. Não só para melhorá-la, mas também para adequá-la a essa realidade em que vivemos hoje. Com o advento do computador de uma forma mais presente na vida do cidadão, nós tivemos uma mudança na forma como as pessoas consomem”.       
O pesquisador acredita que todas as pesquisas medidoras de preços também deveriam ser reformuladas, a fim de se traçar um perfil mais preciso do atual comportamento de gastos de uma família.
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*Esta reportagem foi produzida por alunos do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo